Por Wagner Rodrigues
Paul Di’Anno, o músico que emprestou sua voz e suas ideias para os dois primeiros álbuns de estúdio da banda inglesa Iron Maiden, está realizando uma turnê que inclui 31 cidades brasileiras e ainda irá passar por outros países da América Latina, como: Paraguai, Argentina, Chile, México…
Iron Maiden (1980) e Killers (1981) tornaram-se referências dentro da música pesada, principalmente pela sonoridade inovadora e singular que representam. Nesta fase, a banda fundiu riffs de Heavy Metal com a energia do Punk e ainda adicionou um tempero de Rock Progressivo, culminando com a gravação ao vivo do EP Maiden Japan (1981).
No entanto, sua carreira não se resume ao período em que esteve com o Iron Maiden. Após sair da banda, o vocalista se envolveu em diversos projetos musicais ao longo dos anos. Porém, nenhum com a mesma repercussão da Donzela de Ferro. Di’Anno, Gogmagog, Battlezone, Killers, Rockfellas, Paul Di’Anno (solo) e Warhorse são alguns exemplos. Com destaque para o álbum Menace To Society (1994), do grupo Killers, que tem uma produção fortemente inspirada pelo Groove Metal.
Não obstante, o objetivo da The Beast Resurrection Tour em termos de repertório é focar no Set List da fase clássica do Iron Maiden com músicas que foram imortalizadas na voz do Paul Di’Anno. Passando por canções como Prowler, Running Free, Phantom of the Opera, Murders in the Rue Morgue, Purgatory, entre outras.
Confesso que após comprar o meu ingresso fiquei um pouco apreensivo com as notícias sobre os problemas que ocorreram no início da turnê, em especial em Fortaleza (CE), de acordo com artigo publicado por Gustavo Queiroz no blog www.igormiranda.com.br .
A situação envolve um músico que há 8 anos não pisava nos palcos, que ainda está em fase de recuperação de uma cirurgia complexa nos joelhos e que necessita de cadeira de rodas para se deslocar. Além disso, as adaptações feitas pelas casas de shows para receber cadeirantes podem não ser suficientes em casos mais intrincados como o do Paul Di’Anno.
Mas o que pude presenciar no show de Porto Alegre, que ocorreu em 23 de fevereiro no Teatro CIEE, foi algo bem diferente dos relatos de Fortaleza. A sonzeira pegou pra valer por aqui. Os músicos, todos brasileiros, estavam muito entrosados e afiados, com o guitarrista Nolas (Electric Gypsy), e os demais instrumentistas da Noturnall: Henrique Pucci (bateria), Saulo Xakol (baixo) e Leo Mancini (guitarra). Fiquei positivamente surpreso.
A ótima acústica do Teatro também contribuiu bastante. Os equipamentos de áudio deram conta do recado e não percebi nenhuma falha. Apenas na primeira música as frequências graves estavam levemente emboladas ou distorcidas, mas logo o problema foi corrigido pelos excelentes profissionais da “graxa” (carinhoso apelido para os produtores e técnicos de eventos) e o som fluiu maravilhosamente bem.
O único ponto que poderia melhorar é o tempo na troca de palco entre as bandas que realmente ficou muito demorado e acaba esfriando a galera e atrasando o show principal, já que teve duas bandas de abertura, a Electric Gypsy e a Noturnall.
Me desculpem certos youtubers, que se consideram grandes entendedores de música, e andam dizendo que o vocal do Paul Di’Anno não está legal. Dada as condições de saúde dele, a sua idade e o fato de ter que cantar sentado (situação que dificulta a respiração diafragmática), achei que ele se superou. Eu não esperava tanto. Rolou uma energia forte. Curti demais o show e relembrei que o primeiro álbum do Iron Maiden fez parte da trilha sonora da minha adolescência quando ouvia o vinil, que tenho até hoje, no meu velho aparelho 3 em 1.
Vale lembrar também que o público compareceu em peso no Teatro e participou ativamente cantando e aplaudindo. Quando o show terminou a galera saiu rasgando elogios para o Paul Di’Anno e a banda. Eu, obviamente, fui parar na banca do merchand e comprei uma camiseta da turnê.
Show matador! Saúde e vida longa para Paul Di’Anno com muito Rock na veia.