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Produção do King Jim: Recordar é Viver

Por Wagner Rodrigues

Em 2015 a gravadora experimental do Curso de Produção Fonográfica da Unisinos, a Sigmund Records, com produção executiva e direção artística do professor Charles Di Pinto, lançou um projeto ousado e inédito que envolveu a participação colaborativa de diversos músicos de renome do rock gaúcho, técnicos de áudio e produtores musicais e culturais.

Da esquerda para direita: Luciano Albo (baixo) e Marcio Petracco (guitarra)

O projeto foi intitulado “Legends: Rock Gaúcho” e consistiu na produção de um álbum em vinil, que já virou raridade. Mas para quem não teve acesso ao bolachão felizmente poderá acessá-lo via SoundCloud. O lançamento deste trabalho ocorreu em Porto Alegre, no lendário bar Ocidente, no dia 14 de junho. Confira as imagens aqui.

O álbum possui 9 canções. Lado A: Pra Sempre (King Jim), Alice no País da Ternura (Júlio Reny), Esse Trem (Tchê Gomes), Num Lugar Qualquer (Wander Wildner), Tempo Pra Viver (Frank Jorge). Lado B: Foi no Mar (Thedy Correa), Estrada do Litoral (Alemão Ronaldo), Só o Amor (Luciano Albo) e Enquanto Você Dormia (Jimi Joe). Aumente o volume e dê um play:

Nesse contexto, tive a oportunidade de coproduzir, em parceria com Ray Z, a canção “Pra Sempre” que é uma composição de King Jim e Lucio Dorfman (que também foi responsável pelos arranjos). Sendo que as gravações ocorreram em julho de 2014 no Estúdio Soma.

Da esquerda para direita: Pedro Petracco (bateria) e Lucio Dorfman (piano elétrico)

King Jim dispensa apresentações, mas para quem não sabe, ele foi saxofonista, vocal e um dos fundadores de uma das bandas seminais do rock gaúcho nos anos 80, que se tornou conhecida nacionalmente, os Garotos da Rua. Lucio Dorfman, por sua vez, integrou como tecladista outra grande banda de rock aqui do sul, os Engenheiros do Hawaii, nos anos 90 e início dos anos 2000.

King Jim (vocal)

Participaram da gravação: Pedro Petracco (bateria); Luciano Albo (baixo e backing vocals); Marcio Petracco (guitarra); King Jim (voz); Lucio Dorfman (piano Yamaha, órgão Hammond com caixa Leslie e backing vocals); Julio Rizzo (trombone); Pedro Medeiros (sax tenor); Ray Zimmer (violão e backing vocals). Quase todos com extenso currículo na universidade do rock e participação em bandas que deixaram a sua marca na historiografia oficial da música produzida aqui no sul, como TNT, Os Cascavelletes, entre outras. Como comentou Ray Z durante a produção: “essa é a banda dos sonhos”.

Performance de King Jim registrada em audiovisual

A música foi gravada ao vivo com os instrumentistas e vocalista utilizando fones de retorno e posteriormente utilizou-se a técnica de overdub para acrescentar novos elementos ao projeto.

A magia da caixa Leslie que possui a capacidade de girar os alto-falantes em 360° produzindo um espectro de som em movimento

Os produtores opinavam sobre a execução de cada take e faziam a ponte entre os técnicos de áudio, Cristiano Ferreira e Jeronimo Bueno (que operavam os equipamentos e software na sala técnica), e os músicos que atuavam dentro do estúdio (sala A).

Da esquerda para direita: Ray Z, King Jim e Wagner Rodrigues

Além disso, os produtores levaram a letra cifrada da música que seria gravada, o que facilitou bastante o processo, considerando que os instrumentistas não tiveram muito tempo para ensaiar junto com o King Jim e a harmonia da composição possuía modulações e variações de terça em alguns acordes. Os arranjos para o naipe de sopros foram evoluindo durante as gravações dos takes, a partir do direcionamento dado pelos produtores e pelo arranjador Lucio Dorfman.

Da esquerda para direita: Julio Rizzo (trombone) e Pedro Medeiros (sax tenor)

Na primeira sessão de gravação registrou-se cinco takes ao vivo. Sendo que o último foi escolhido como o mais interessante para desenvolver o projeto. Nas sessões subsequentes foram feitas as gravações da voz, órgão Hammond com caixa Lesliebacking vocals. Com tudo gravado partiu-se para a mixagem e posteriormente o arquivo foi enviado para masterização.

O resultado ficou surpreendente e emocionante, com uma forte energia e altamente coeso. Sonoridade orgânica, rica em timbres e com arranjos espontâneos, pois sua criação se deu praticamente no momento da gravação.