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Punho de Mahin: o grito ancestral do punk brasileiro

O punk sempre foi um grito de resistência, um manifesto sonoro contra injustiças e desigualdades. Mas, e quando esse grito vem diretamente da diáspora africana, ecoando dores, lutas e ancestralidade? Essa é a essência da Punho de Mahin, uma banda que incorpora o afropunk como ferramenta de combate e reflexão. Surgida em 2018, na Grande São Paulo, o grupo carrega em seu nome uma homenagem à histórica Luíza Mahin, mulher negra que, segundo relatos, participou ativamente da Revolta dos Malês, na Bahia, em 1835, e que foi mãe do abolicionista Luiz Gama. Como Mahin, a banda ergue seu punho contra as opressões que ainda perpetuam o racismo estrutural, o machismo e a desigualdade social no Brasil.

A Punho de Mahin é composta por Natália Matos (vocal), Camila Araújo (guitarra e vocal), Paulo Tertuliano (bateria) e Du Costa (baixo e vocal). O grupo não apenas integra as influências sonoras do punk, hardcore e metal, mas também faz questão de enfatizar a perspectiva negra e periférica do gênero. Inclusive acrescentando camadas de percussão e berimbau. Diferente da imagem tradicional do punk, predominantemente branca e masculina, a Punho de Mahin resgata a origem preta do estilo e coloca a vivência afro-brasileira como protagonista.

As letras da banda não são apenas hinos de protesto; são testemunhos históricos que trazem à tona personagens e eventos apagados dos livros didáticos. No álbum “Embate e Ancestralidade” (2022), lançado de forma independente, cada faixa é uma aula de história, uma narrativa de dor, luto e resistência.

Punho de Mahin. Foto: divulgação

A Punho de Mahin é um lembrete vivo de que o punk nasceu nas ruas, na periferia e, sobretudo, na pele negra (como Death, Bad Brains e Tina Bell). Suas músicas, letras e presença de palco são uma forma de resistir e recontar a história de um Brasil que insiste em negar suas raízes africanas. Mais do que um som pesado, sua mensagem é um chamado à consciência, um convite para a luta e com a ancestralidade pulsando em cada batida de tambor, em cada riff distorcido e em cada grito de revolta.

Para quem busca um som autêntico, politizado e visceral, a Punho de Mahin é mais do que uma banda: é um levante sonoro contra o silenciamento.

Assista ao videoclipe oficial da música Punho de Mahin:

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